quinta-feira, 10 de junho de 2010

Luís Carlos França lança novo livro no Museu Casa das Onze Janelas


É hoje (10/06), a partir das 18h, no Museu Casa das Onze Janelas, o lançamento do livro Boca de Ferro, do poeta Luís Carlos França. Além de muita poesia, o evento contará com show do cantor Eloy Iglesias e do Grupo Quaderna. Promete!

De uma geração que movimentou Belém na distante década de 80, Luis Carlos França é um artista que sempre esteve presente na vida cultural da cidade.

Compondo músicas, dirigindo espetáculos e também atuando nos palcos. No meio de tudo isso, não largou uma paixão: a poesia. “As outras expressões artísticas eram coletivas, a poesia sempre foi algo solitário, quando eu ficava numa viagem interior”, explica.

Premiado pelo edital de Patrocínio Cultural do Banco da Amazônia 2010, “Boca de Ferro” traz no nome a vontade do artista em se exprimir em alto e bom som.

Segue um bate papo de ontem à noite, entre o poeta e o jornalista Wanderson Lobato. Amigo de Luís Carlos e sempre admirador de sua poesia, Wanderson enviou com exclusividade a entrevista para o Holofote Virtual.

Postagem publicada no blog Holofote Virtual
Entrevista: Luís Carlos França fala do novo livro e de sua trajetória artística

O poeta lembra dos tempos que fez teatro com o Cena Aberta de Luís Otávio Barata, outra arte sempre presente em sua vida, e sobre a parceira na música, entre as quais, a mais freqüente é com Eloy Iglesias. E mais um presente aqui pro blog, um poema de Boca ferro, em seguida ao bate papo.

Wanderson Lobato: Música, teatro e poesia. O que veio primeiro na tua vida?
Luís Carlos França: Tudo ao mesmo tempo. Quando participei do Festival de Música da UFPA, em 72, eu também já publicava, fazia poema-varal na cidade. E também entrei pra Escola de Teatro da UFPA. Então essa questão da arte veio tudo junto na minha vida. Desde pequeno assistia aos espetáculos da SAI (Sociedade Artística Internacional), já extinta, que funcionava onde hoje é a Academia Paraense de Letras. Eu ficava admirado com o que via e com uma intensa vontade de participar de tudo aquilo.

Wanderson Lobato: De lá pra cá, não parou mais.
Luís Carlos França: Sempre produzindo. Na verdade sou multimídia. Já fiz teatro poesia, vídeo e componho música.

Wanderson Lobato: E a poesia sempre presente na tua vida
Luís Carlos França: As outras expressões artísticas eram coletivas, a poesia sempre foi algo solitário, quando eu ficava numa viagem interior. E gosto de escrever à noite, pelas madrugadas, parece que o pulsar da arte é maior.

Wanderson Lobato: Como encaras aquela década de 80 e os dias de hoje?
Luís Carlos França: Era uma época de intenso movimento cultural, os grupos de teatro da cidade sempre estavam apresentando seu repertório e em vários lugares. Inclusive, formando o anfiteatro da Praça da República como espaço cultural da cidade. Foi nessa época que ele começou a ser utilizado como área de espetáculo.

Wanderson Lobato: Nessa época, eras integrante do Grupo Cena Aberta...
Luís Carlos França: Era um grupo de teatro que vivia em atividade, sempre contestando a ditadura militar com espetáculos fortes. No Ajuricaba, do Márcio Souza, foi lido manifesto em favor dos índios da Amazônia que na época eram tratados até como animais.

Fizemos Cena Aberta Canta Zumbi, falamos contra a discriminação racial. Era um grupo militante. Junto com os ensaios tínhamos palestras com sociólogos e antropólogos pra maior entendimento das questões que falávamos, conversávamos com Romero Ximenes, Anaísa Virgulino, Lúcia Husak e muitos outros.

Wanderson Lobato: E fazias uma bailarina..
Luís Carlos França: Muitos espetáculos que fiz foram com o Cena Aberta. Um que foi de muito sucesso foi o Palácio dos Urubus, que eu fazia a bailarina que pontuava no espetáculo. Era uma criação coletiva com direção de Luis Otávio Barata. Com a bailarina ganhei prêmio de melhor ator pela crítica local.

Wanderson Lobato: Fale um pouco mais sobre a música
Luís Carlos França: Meu parceiro mais freqüente é Eloy Iglesias com composições da década de 70 até hoje e também tenho músicas com Jr. Soares, Pedrinho Cavallero, Minni Paulo. Hoje já estou com quatro composições para serem lançadas no próximo trabalho do Eloy Iglesias.

Wanderson Lobato: E este novo trabalho, por que Boca de Ferro?
Luís Carlos França: É uma alegoria, uma metáfora que eu criei literariamente pra definir meu coração, o motivo maior do meu fazer poético, que é olhar a vida e falar através do coração.

O Boca de Ferro é aquela rádio popular que coloca alto-falantes nas ruas, nos postes; é um ícone paraense por onde todos os acontecimentos culturais são levados a público. Nas cidades do interior e mesmo na capital. Por isso minha vontade de levar minha poesia através dele.

Wanderson Lobato: Como surgiu a idéia do livro?
Luís Carlos França: A poesia não está só nas palavras de um livro, elas devem percorrer as ruas, onde há uma resposta imediata do público. Inclusive, o lançamento do livro me permite fazer esses saraus e, até, num outro momento, colocar um boca de ferro pra divulgar poesia pelas ruas e interagir com as pessoas.


O POEMA

BOCA DE FERRO

Boca de ferro em meu coração
Ele fala e anuncia

Fala das dores e também dos amores
Fala das alegrias
Fala dos olhares
Fala das verdades

Fala das coisas belas da cidade
Fala dos momentos que ficaram pra sempre

Fala dos carinhos apaixonados
Fala das coisas que foram ditas no ouvido bem baixinho
Fala das juras e promessas
Fala da sede de amor
Fala da existência sem temor

Fala da paz
Fala dos desejos e prazeres
Fala da musica que o tempo traz
Fala de tudo que me refaz
Que embala sonhos
E faz feliz

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Outros Prazeres ou Aquilo que Amou ter de Volta



O prazer de acessar uma obra de arte é inestimável. Tecer relações, perceber como sua potência permanece e adquire outros contornos ao longo dos anos é uma experiência especial. No Brasil, diante das diversas situações que acervos e museus atravessam é, muitas vezes, rara a oportunidade de travar contato com um conjunto significativo de trabalhos de arte contemporânea em uma mostra de coleção.

Pensando na importância de construir acervos de arte contemporânea na região norte, refletindo acerca dos já existentes em coleções públicas e da necessidade de serem vistos, concebemos esta exposição, que nasceu no desejo de voltar a ver obras de artistas de trajetórias singulares que se encontram no acervo do Sistema Integrado de Museus, na coleção pertencente à Casa das Onze Janelas.

A grande maioria dessas obras - provenientes de doação realizada pela Fundação Nacional de Arte – Funarte -, foram premiadas e integradas a uma coleção pública que foi, posteriormente, ofertada ao Pará. Também figuram trabalhos que agregaram a coleção pública do estado por meio de editais e exibições. São obras que apresentam um recorte das últimas décadas da produção nacional, permitindo ao público o acesso a temporalidades distintas, que estabelecem diálogo na construção curatorial, que busca ativar suas potências, entre aproximações e tensões.

Como sabiamente disse Paulo Herkenhoff: “a arte fere” e essa mácula se apresenta nos discursos e transgressões presentes aqui. Não podemos viver alienados do tempo e da história. Esses artistas colocam questões prementes à arte contemporânea, eles estão aqui, diante de nossos olhos, nos convidando a ver e entender nosso lugar, nosso papel no sistema complexo da arte e da cultura.

Courtney Smith, Douglas Marques de Sá, Laura Vinci, Newton Mesquita, Marco Paulo Rolla, Hildebrando Castro, Adir Sodré, Miguel Rio Branco, Cildo Meireles, Lina Kim, Nazaré Pacheco, Yiftah Paled, Laércio Redondo, Marcelo Coutinho, Paulo Climachauska, Rosângela Rennó, José Guedes, Cláudia Leão e eu mesmo conclamamos vocês a pensar com essas obras, sobre elas, a partir delas, colocando-as em um lugar mais vivo do que o velho acervo, trazendo-as para bem perto, em nós, em contato íntimo, permitindo com que elas exerçam papel transformador em nossas existências.

Orlando Maneschy
Curador artista

terça-feira, 1 de junho de 2010

OUTROS PRAZERES ou aquilo que amou ter de volta



Um diálogo com o acervo do Museu Casa das Onze Janelas - curadoria Orlando Maneschy

abertura : 02 de junho às 19:30h
Período: de 04 de junho a 11 de julho de 2010, de terça a domingo das 10h às 16h